Belo Horizonte
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Em recentes oportunidades, estávamos aqui, nesta coluna, imersos em reflexões sobre as Conferências do Clima da Organização das Nações Unidas (COPs), os planos ambientais de governo, as iniciativas ambientais e a emergente transição energética, acompanhada pela exploração sustentável dos minerais críticos que a impulsionam. Cada vez mais, esses temas convergiam para um ponto central: como podemos coletivamente evitar o avanço implacável do aquecimento global e seus efeitos devastadores?
Pois bem, os registros climáticos trouxeram à tona uma realidade alarmante: a temperatura média global da Terra em julho deste ano excedeu em cerca de 1,5°C os níveis observados desde o fim do século XIX, estabelecendo um novo recorde como a temperatura mais alta já registrada na era moderna. Isso ressalta de forma inquietante a urgência de tomarmos medidas concretas para conter o avanço implacável do aquecimento global e mitigar os efeitos adversos que decorrem desse fenômeno.
O aumento gradual e persistente das temperaturas médias globais tem consequências profundas e multifacetadas – desde o derretimento acelerado das calotas polares até a intensificação de fenômenos climáticos extremos, como ondas de calor intensas, secas prolongadas e tempestades devastadoras – que reverberam nos ecossistemas mais frágeis e comunidades vulneráveis em todo o mundo. Assim, na medida em que os registros climáticos nos alertam sobre a proximidade desse limiar, é imperativo que ações concretas e coletivas sejam tomadas para reverter a trajetória do aquecimento global.
Vale ressaltar que o compromisso de limitar o aquecimento global a 1,5°C deve acontecer, no máximo, até 2025, e o atual nível de emissões deve ser reduzido pela metade ainda nesta década. Essa não é uma meta arbitrária, mas sim uma escolha estratégica para mitigar os efeitos advindos de uma possível crise climática. A proposta busca conceder tempo à sociedade e à economia para se afastarem gradualmente dos combustíveis fósseis, os principais responsáveis pelo aquecimento do nosso planeta, sendo importante observar que esse limite não é apenas um número, mas uma linha de defesacrítica para a sustentabilidade do nosso planeta.
Outrossim, apesar dos desafios, o potencial para a mudança está ao nosso alcance e sendo impulsionado em todo o mundo pela crescente conscientização pública sobre a urgência das alterações climáticas. Essa ação tem gerado um movimento global em direção à transição energética em muitas partes do mundo, e a busca por fontes de energia renovável (como solar, eólica e hidroelétrica) ganha destaque como uma alternativa viável para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e mitigar os impactos das mudanças climáticas.
Nesse sentido, a transição energética não se trata apenas da exploração de novos recursos, mas também de uma mudança profunda na forma como a sociedade produz e consome energia, o que requer tecnologias avançadas, bem como uma transformação na mentalidade e nos comportamentos humanos. Em última análise, a resposta à urgência das mudanças climáticas demanda uma ação coletiva e coordenada, transcendendo fronteiras e esferas da sociedade. Governos, empresas, comunidades e indivíduos devem unir forças para conceber e implementar soluções inovadoras e sustentáveis, enfrentando a complexidade do desafio do aquecimento global com determinação, colaboração e ações decisivas.
A adesão de Minas Gerais à campanha global "Race to Zero" é um marco significativo neste cenário de combate às mudanças climáticas. Essa iniciativa, que está ganhando crescente reconhecimento em todo o mundo, destaca-se por sua audaciosa missão de atingir emissões líquidas zero de gases de efeito estufa até 2050. Ademais, o que a torna ainda mais notável é o fato de que não se trata apenas de estabelecer metas ambiciosas, mas de apresentar um plano de ação concreto e coerente para alcançar esse objetivo.
Minas Gerais, ao se juntar a essa corrida global, sinaliza sua vontade de liderar a batalha contra as mudanças climáticas e contribuir significativamente para a redução das emissões de carbono. Isso implica a intensificação de ações de descarbonização, o estímulo à atração de investimentos para negócios sustentáveis e a criação de empregos verdes. Ao fazê-lo, o Estado se coloca na vanguarda da transição para uma economia de baixo carbono.