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Silvicultura brasileira

O setor da silvicultura — caracterizado pelo aproveitamento, exploração e manutenção racional das florestas, criação e o desenvolvimento de povoação florestal com intuito comercial — emerge como um elemento vital na tessitura socioeconômica do país, apresentando-se como um protagonista na gestão consciente dos recursos naturais. Isso porque, com cerca de 9,6 milhões de hectares dedicados ao cultivo de eucalipto e pinus (espécimes mais difundidas), segundo dados da Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ), o setor não apenas contribui significativamente para a balança econômica, mas também desempenha um papel importante na mitigação dos efeitos das mudanças climáticas.

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O Brasil, conforme amplamente debatido em ocasiões anteriores nesta coluna, está internacionalmente comprometido com acordos como o de Paris e a Agenda 2030 da ONU; e, com isso, tem a oportunidade de posicionar a silvicultura como uma peça-chave na busca por soluções ambientalmente sustentáveis. Apenas com o Acordo de Paris, o Brasil se obrigou a alcançar uma significativa redução de 43% nas emissões de gases do efeito estufa em comparação com os níveis de 2005; restaurar e reflorestar 12 milhões de hectares, que podem ser tanto de áreas naturais quanto de áreas cultivadas; incentivar a integração de lavoura, pecuária e florestas em uma extensão de 5 milhões de hectares; zerar o desmatamento ilegal; atingir 45% de energias renováveis na matriz energética, sendo 18% provenientes de bioenergia; e expandir o consumo de biocombustíveis.

 

Assim, com um cenário propício para o cultivo em larga escala dos principais espécimes de monocultura, favorecido pelo clima e abundância hídrica, é conferido ao setor um papel destacado que não só atua como um ativo ambiental, capaz de retirar carbono da atmosfera, mas também impulsiona uma complexa cadeia produtiva que se estende por diversos setores da economia, abrangendo desde a fabricação de papel até a produção de energia renovável, apontando sua importância como catalisador econômico para diversas regiões do Brasil.

 

Exemplo disso é que, com mais de mil municípios influenciados pelo setor, a silvicultura gera 1,3 milhão de empregos diretos e indiretos, impactando 3,75 milhões de pessoas em termos de efeito renda. Só em 2022, a receita bruta total do setor atingiu 244,6 bilhões, evidenciando o impacto significativo da indústria de base florestal, que, no mencionado período, representou 2,7% do PIB nacional e um crescimento de 11,9% em relação a 2021.

 

Na face do notável avanço experimentado pela silvicultura e considerando a clara tendência de crescimento nos anos vindouros, é imperativo que os participantes e atores primordiais desse setor se unam em prol de uma organização de âmbito nacional. Essa estratégia visa integrar os principais municípios produtores, surgindo como uma medida essencial para impulsionar o desenvolvimento econômico regional nos principais centros de produção em todo o país.

 

Efetivamente, a indústria base florestal conta com entidades relevantes, como a Associação Mineira da Indústria Florestal (Amif), que representa as principais empresas do setor de florestas plantadas em Minas Gerais; e a Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), responsável pela representação institucional da cadeia produtiva de árvores plantadas. Contudo, é perceptível a lacuna na união dos municípios em prol das reivindicações do setor.

 

A exemplo disso podemos citar cases de sucesso, como a Amig (Associação dos Municípios Mineradores de Minas Gerais), no setor de mineração, que vem demonstrando como a união dos entes municipais pode potencializar o desenvolvimento e promover práticas sustentáveis nos respectivos setores de maior potencial econômico desses entes. Em síntese, a silvicultura brasileira representa um pilar multifacetado para o país; e essa abordagem cooperativa não apenas fortalecerá a capacidade de negociação dos municípios, mas também possibilitará a implementação eficaz de estratégias e diálogo entre os principais stakeholders para impulsionar a atividade de forma sustentável.

 

É imperativo dizer que a indústria base florestal transcende o simples cultivo. É um motor econômico, um aliado na luta contra as mudanças climáticas e um catalisador do desenvolvimento socioeconômico. Ao compreender a importância desse setor, sua participação nas políticas ambientais e a necessidade de organização entre os municípios produtores, Minas Gerais poderá alavancar as oportunidades que a silvicultura oferece para construir um futuro mais sustentável e equitativo.

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